Por que toda vez que te vejo meu coração retoma retomar os antigos sentimentos? Antigas sensações de um bau empoeirado que eu preferiria manter distância. Tudo tão velho e sem uso: nossa amizade, nosso amor, nossa paixão, nossa cumplicidade. Tudo tão antigo que sequer me lembrava. Mas num estalar de dedos meu estômago arde, minha perna amolece e meu coração parece atravessar minha garganta. Alertando – com um tom de sarcasmo mental – que o que eu pensava estar trancado a sete chaves voltou com uma força que eu já conhecia antes. Aquela velha amiga, a arrebatadora.
Sempre gostei do controle e você conseguiu me tirar dele completamente. Conseguiu – em uma fração de segundos – conquistar-me por completo. Cem por cento. Sem nenhum mas ou porém. Era sua. E você era meu. Tudo tão instantâneo e intenso. Poderia ser como no começo – por que sempre tão bons? – quando tudo era cumplicidade e sorrisos. Quando eu olhava nos seus olhos e conseguia me encantar ainda mais. Quando eu sentia seu perfume e me alegrava. Quando seu abraço fazia meu mundo parar. Quando suas palavras aquetavam minha mente em erupção.
Como eu gostava – antes de tudo, inclusive de te amar – de ser sua amiga. De poder conversar horas e horas e nem ver o tempo passar. Quando num piscar de olhos o sol já nascia e brindava as várias noites inesquecíveis.
Como eu gostava daquele tempo. De nós.
Agora é tudo passado.